«Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.» Livro dos Conselhos, El-Rei D. Duarte
24.12.14
30.11.14
DESVERSOS
3.
Sobre este caso não há a mínima dúvida
a imprensa como sempre é que empolou
sua excelência agiu correctamente
o piso é de outrem embora seu familiar
ninguém está livre de uma coincidência
quem chama a atenção das redacções?
Lisboa
12-VII-95
Fernando Assis Pacheco
RESPIRAÇÃO ASSISTIDA, Assírio & Alvim, Lisboa, Novembro 2003
Sobre este caso não há a mínima dúvida
a imprensa como sempre é que empolou
sua excelência agiu correctamente
o piso é de outrem embora seu familiar
ninguém está livre de uma coincidência
quem chama a atenção das redacções?
Lisboa
12-VII-95
Fernando Assis Pacheco
RESPIRAÇÃO ASSISTIDA, Assírio & Alvim, Lisboa, Novembro 2003
13.11.14
Manoel de Barros (1916-2014)
O CASACO
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social.
Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado
e sujo.
Tentou sair da angústia
Isto ser:
Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no
lixo.
Ele queria amanhecer.
Manoel de Barros
POEMAS RUPESTRES, Editora Record, Rio de Janeiro . São Paulo, 2004
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social.
Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado
e sujo.
Tentou sair da angústia
Isto ser:
Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no
lixo.
Ele queria amanhecer.
Manoel de Barros
POEMAS RUPESTRES, Editora Record, Rio de Janeiro . São Paulo, 2004
23.10.14
1.10.14
21.8.14
3.7.14
Ivan Junqueira (1934-2014)
Rosto
Teu rosto em fuga na vidraça
é uma gota que escorre devagar,
tão devagar que o tempo, avaro,
sequer ensaia um magro passo.
Uma gota que cai, sem lastro,
leve como a asa de um pássaro,
mas tão repleta de presságios
que sinto o frio duma adaga
rasgar-me a carne das ilhargas.
Por que, às vésperas do nada,
a alma desperta, arrebatada?
Ivan Junqueira
(A Sagração dos Ossos)
Brasil 2000 antologia de poesia contemporânea brasileira, Organização de Álvaro Alves de Faria, Alma Azul, Coimbra, Outubro 2000
Teu rosto em fuga na vidraça
é uma gota que escorre devagar,
tão devagar que o tempo, avaro,
sequer ensaia um magro passo.
Uma gota que cai, sem lastro,
leve como a asa de um pássaro,
mas tão repleta de presságios
que sinto o frio duma adaga
rasgar-me a carne das ilhargas.
Por que, às vésperas do nada,
a alma desperta, arrebatada?
Ivan Junqueira
(A Sagração dos Ossos)
Brasil 2000 antologia de poesia contemporânea brasileira, Organização de Álvaro Alves de Faria, Alma Azul, Coimbra, Outubro 2000
1.7.14
PROVÉRBIO
A noite é a nossa dádiva de sol aos que
vivem do outro lado da Terra.
Carlos de Oliveira
SOBRE O LADO ESQUERDO, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Maio de 1969
vivem do outro lado da Terra.
Carlos de Oliveira
SOBRE O LADO ESQUERDO, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Maio de 1969
30.6.14
AUSPICIOSO ENLACE
Os pais da menina
são gente fina,
os pais do moço
negociantes por grosso.
Joaquim Namorado
A POESIA NECESSÁRIA, Cancioneiro, Vértice, Coimbra, 1966
são gente fina,
os pais do moço
negociantes por grosso.
Joaquim Namorado
A POESIA NECESSÁRIA, Cancioneiro, Vértice, Coimbra, 1966
27.5.14
27.4.14
Vasco Graça Moura (1942-2014)
vita brevis
a vida breve, revele-a
a pulsação que lateja
no efémero da camélia,
ou no lustro da cereja,
é a do coração que dita
a dor que lhe sobejou
e tenta deixá-la escrita
mas não conta o que escapou
pelo espelho, quando a máscara
vai perdendo o frenesim,
e agora tanto lhe faz: para
o caso é mesmo assim,
nem há lixa ou aguarrás
que apague as marcas que traz.
Vasco Graça Moura
UMA CARTA NO INVERNO, Quetzal Editores, Lisboa, 1997
a vida breve, revele-a
a pulsação que lateja
no efémero da camélia,
ou no lustro da cereja,
é a do coração que dita
a dor que lhe sobejou
e tenta deixá-la escrita
mas não conta o que escapou
pelo espelho, quando a máscara
vai perdendo o frenesim,
e agora tanto lhe faz: para
o caso é mesmo assim,
nem há lixa ou aguarrás
que apague as marcas que traz.
Vasco Graça Moura
UMA CARTA NO INVERNO, Quetzal Editores, Lisboa, 1997
25.4.14
3.4.14
COMPOSIÇÃO E INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Engolir cobras, lagartos,
elefantes, crocodilos,
e calar, mesmo que fartos
de bramidos e sibilos;
remastigar a dieta
que basta à sopa dos pobres,
sem um ai, uma careta
- um puro esgar e descobres
a expulsão a pontapé
ou o desprezo, mais leve,
assim obriga, assim é
o que a receita prescreve,
em nome da vil tristeza
para cevar a riqueza.
Domingos da Mota
édito
(com a ilustração do artista plástico Carlos Mansil, o primeiro dos comprimidos literários, n'A BULA, de Abril de 2014, do Correio do Porto).
Etiquetas:
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> Sonetos,
⨠ A Bula,
⨠ Correio do Porto
6.3.14
Leopoldo María Panero (1948-2014)
Faleceu hoje o poeta Leopoldo María Panero. A notícia, e o seu perfil, no El País.
23.2.14
11.2.14
Miró
1.2.14
19.1.14
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