«Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.» Livro dos Conselhos, El-Rei D. Duarte
29.12.10
Dois terços da ajuda anticrise foram parar ao sector bancário
O Estado (Social) a que isto chegou: Dois terços da ajuda anticrise foram parar ao sector bancário - Economia - PUBLICO.PT
28.12.10
Crise atual e sofrimento humano , de Leonardo Boff | TRIPLO II
Com a devida vénia, um artigo para ler e pensar: Crise atual e sofrimento humano , de Leonardo Boff TRIPLO II
24.12.10
[O poeta dedicado de ascendência humilde]
O poeta dedicado de ascendência humilde
foi sempre um cão batido e se o não fosse
viveria mais infeliz ainda por não ser
o cão batido. É bom no fundo, amigo, leal, o dedicado.
Mas, nas entrelinhas dos sorrisos dele,
há sempre um rosnar doce de contida inveja:
é que outros a quem batem são leões ou alifantes,
porém não cães batidos. E não nasceram
nas palhas da província, embora se não escolha
onde se nasce para cão batido.
Jorge de Sena
DEDICÁCIAS seguido de DISCURSO DA GUARDA, Guerra e Paz Editores, SA, 2010
foi sempre um cão batido e se o não fosse
viveria mais infeliz ainda por não ser
o cão batido. É bom no fundo, amigo, leal, o dedicado.
Mas, nas entrelinhas dos sorrisos dele,
há sempre um rosnar doce de contida inveja:
é que outros a quem batem são leões ou alifantes,
porém não cães batidos. E não nasceram
nas palhas da província, embora se não escolha
onde se nasce para cão batido.
Jorge de Sena
DEDICÁCIAS seguido de DISCURSO DA GUARDA, Guerra e Paz Editores, SA, 2010
19.12.10
Russian Orthodox Choir, Sacret Russian singing Chesnokov's "Gabriel Appe...
com a devida vénia, colhido no "cantigueiro" - "Gabriel apareceu" - Coro Ortodoxo Russo - (Pavel Chesnokov)
18.12.10
CAPITAL
Casas, carros, casas, casos.
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos... Carros, casas...
Capital
acumulado.
E capazes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas...
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!
David Mourão-Ferreira
LIRA DE BOLSO, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Novembro de 1999
Capital
encarcerada.
Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos... Carros, casas...
Capital
acumulado.
E capazes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas...
Capital
acautelado.
Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!
David Mourão-Ferreira
LIRA DE BOLSO, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Novembro de 1999
12.12.10
VII - LAMENTAÇÃO DO SUICIDA EXPERIENTE
O suicídio é tudo: nada
que me preenche a vida.
O suicídio é mudo, cada
veneno é uma saída.
O suicídio é fundo: anda
por dentro numa ferida.
E o suicídio é o mundo, manda
no trânsito da avenida.
O suicídio é luto: fada
que a luz não me alumia.
E o suicídio é fruto, nada
no sumo da melancia.
O suicídio é imundo: tanta
escuridão no dia.
E o suicídio é chumbo, santa
prisão que me asfixia.
Suicídio, entrudo, manta
sobre o caixão da vida,
brilho, canudo, quanta
mecânica suicida.
Luís Adriano Carlos
OITO FRAGMENTOS DO SUICIDA APRENDIZ, in apeadeiro, revista de atitudes literárias, edições Quasi, N.º 1, Primavera de 2001
que me preenche a vida.
O suicídio é mudo, cada
veneno é uma saída.
O suicídio é fundo: anda
por dentro numa ferida.
E o suicídio é o mundo, manda
no trânsito da avenida.
O suicídio é luto: fada
que a luz não me alumia.
E o suicídio é fruto, nada
no sumo da melancia.
O suicídio é imundo: tanta
escuridão no dia.
E o suicídio é chumbo, santa
prisão que me asfixia.
Suicídio, entrudo, manta
sobre o caixão da vida,
brilho, canudo, quanta
mecânica suicida.
Luís Adriano Carlos
OITO FRAGMENTOS DO SUICIDA APRENDIZ, in apeadeiro, revista de atitudes literárias, edições Quasi, N.º 1, Primavera de 2001
2.12.10
[A mão. É esta mão que percorre]
14.
A mão. É esta mão que percorre
a pele curtida por anos,
por anos de livres passos,
por ares de bosques e serras,
e vem aqui aninhar-se
entre estes dedos nodosos,
doridos, desajeitados,
que cumprem o seu dever
para nela pôr o ser
de uma nova liberdade.
Pedro Tamen
O LIVRO DO SAPATEIRO, Publicações Dom Quixote, Março de 2010
A mão. É esta mão que percorre
a pele curtida por anos,
por anos de livres passos,
por ares de bosques e serras,
e vem aqui aninhar-se
entre estes dedos nodosos,
doridos, desajeitados,
que cumprem o seu dever
para nela pôr o ser
de uma nova liberdade.
Pedro Tamen
O LIVRO DO SAPATEIRO, Publicações Dom Quixote, Março de 2010
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