O poeta dedicado de ascendência humilde
foi sempre um cão batido e se o não fosse
viveria mais infeliz ainda por não ser
o cão batido. É bom no fundo, amigo, leal, o dedicado.
Mas, nas entrelinhas dos sorrisos dele,
há sempre um rosnar doce de contida inveja:
é que outros a quem batem são leões ou alifantes,
porém não cães batidos. E não nasceram
nas palhas da província, embora se não escolha
onde se nasce para cão batido.
Jorge de Sena
DEDICÁCIAS seguido de DISCURSO DA GUARDA, Guerra e Paz Editores, SA, 2010
e têm apreço pelas pulgas, os cães batidos.
ResponderEliminarTalvez o apreço seja mais das pulgas pelos cães do que dos cães pelas pulgas, mas quem sabe?
ResponderEliminarObrigado pela visita e pelo comentário.
mas é que o cão batido tem vertigem e sofre de masoquismo crônico.
ResponderEliminarPenso que haverá alguns "cães batidos" que não são nem masoquistas nem delicados, e que ferram, mas desses não trata o poema de Jorge de Sena.
ResponderEliminarObrigado pela revisita.