«Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.» Livro dos Conselhos, El-Rei D. Duarte
30.7.10
RELÓGIO
Batem horas. Pancadas de posse
martelando meu crânio suado.
Batem horas no companheiro ao lado
- um relógio de tosse.
Luís Veiga Leitão
SONHAR A TERRA LIVRE E INSUBMISSA..., Editorial Inova, SARL, Porto, Fevereiro de 1973
martelando meu crânio suado.
Batem horas no companheiro ao lado
- um relógio de tosse.
Luís Veiga Leitão
SONHAR A TERRA LIVRE E INSUBMISSA..., Editorial Inova, SARL, Porto, Fevereiro de 1973
22.7.10
EPITÁFIO PARA UM BANQUEIRO
negócio
ego
ócio
cio
0
José Paulo Paes
POESIA BRASILEIRA DO SÉCULO XX DOS MODERNISTAS À ACTUALIDADE, Selecção, introdução e notas de Jorge Henrique Bastos, Edições Antígona, Fevereiro de 2002
ego
ócio
cio
0
José Paulo Paes
POESIA BRASILEIRA DO SÉCULO XX DOS MODERNISTAS À ACTUALIDADE, Selecção, introdução e notas de Jorge Henrique Bastos, Edições Antígona, Fevereiro de 2002
19.7.10
exercício espiritual
É preciso dizer rosa em vez de dizer ideia
é preciso dizer azul em vez de dizer pantera
é preciso dizer febre em vez de dizer inocência
é preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem
É preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano
é preciso dizer Para sempre em vez de dizer Agora
é preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano
é preciso dizer Maria em vez de dizer aurora
Mário Cesariny
CESARINY UMA GRANDE RAZÃO os poemas maiores, Assírio & Alvim, Março de 2007
é preciso dizer azul em vez de dizer pantera
é preciso dizer febre em vez de dizer inocência
é preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem
É preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano
é preciso dizer Para sempre em vez de dizer Agora
é preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano
é preciso dizer Maria em vez de dizer aurora
Mário Cesariny
CESARINY UMA GRANDE RAZÃO os poemas maiores, Assírio & Alvim, Março de 2007
15.7.10
14.7.10
RELÂMPAGO
Não me orgulho de nada:
O mundo foi severo.
A conta, após contada:
Zero.
Anda à volta de mim
Quem não sabe quem sou.
Eu fui-me sempre assim,
Ou...?
Vejo os outros que passam
Pobres de ser alguém.
Inúteis, ameaçam
Quem?
Um nome vale um ano,
Ou apenas um mês.
Há-de descer o pano
Sem me chegar a vez.
(2004)
António Manuel Couto Viana
RESTOS DE QUASE NADA E OUTRAS POESIAS, Averno, Lisboa, 2006
O mundo foi severo.
A conta, após contada:
Zero.
Anda à volta de mim
Quem não sabe quem sou.
Eu fui-me sempre assim,
Ou...?
Vejo os outros que passam
Pobres de ser alguém.
Inúteis, ameaçam
Quem?
Um nome vale um ano,
Ou apenas um mês.
Há-de descer o pano
Sem me chegar a vez.
(2004)
António Manuel Couto Viana
RESTOS DE QUASE NADA E OUTRAS POESIAS, Averno, Lisboa, 2006
6.7.10
[poeta menor]
Riacho de tão vizinhas
margens na garganta,
voz corrente; em mim,
apenas este açude.
Aqui remodelo
as pequenas estruturas do ócio.
Linguagem pedestre,
sem mesmo a chapelada
sediciosa do til.
E a vida ensaia,
da aleta ao lábio,
a rubrica - sua cava ruga
de mofa sob o pranto.
Sebastião Alba
UMA PEDRA DESTE LADO DA EVIDÊNCIA, Campo das Letras - Editores, S.A., 2000
margens na garganta,
voz corrente; em mim,
apenas este açude.
Aqui remodelo
as pequenas estruturas do ócio.
Linguagem pedestre,
sem mesmo a chapelada
sediciosa do til.
E a vida ensaia,
da aleta ao lábio,
a rubrica - sua cava ruga
de mofa sob o pranto.
Sebastião Alba
UMA PEDRA DESTE LADO DA EVIDÊNCIA, Campo das Letras - Editores, S.A., 2000
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