condenaram-te cardenal
foi o poder do dinheiro
tens novamente o madeiro
cujo peso conheces bem
condenaram-te cardenal
por seres o mensageiro
de quem no mundo nada tem
condenaram-te cardenal
ortega era companheiro
lutou pelo mesmo ideal
mas num golpe traiçoeiro
valeu-se da toga do mal
sorriu para o forasteiro
prostituiu-se ao capital
condenaram-te cardenal
com a cruel humilhação
pior que golpe de punhal
pior que as grades da prisão
condenaram-te cardenal
pena que não se repara
joão paulo também o fez
naquele turismo papal
o dedo na tua cara
era o dedo da estupidez
prepotência pontifical
falando em nome do burguês
condenaram-te cardenal
fizeram-te réu outra vez
quem da terra quer ser o sal
recebe em troca insensatez
condenaram-te cardenal
mas não há pena que dobre
o teu canto universal
poeta do cristo pobre
nascido na estrebaria
e não em palácio real
padre irmão da poesia
o manto dela te cobre
não a capa do cardeal
Júlio Saraiva
Poema colhido em http://www.luso-poemas.net/, e aqui publicado com a autorização do autor, jornalista e poeta brasileiro.
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