Em certas noites os homens rumam
a um canto da sala para cotejar
seus feitos. Um simpósio de insatisfeitos.
Com o gesto ominoso da
combustão do tabaco vão esgrimindo argumentos
atentos à porta aberta (àquele
degrau oferecido que ainda
possam subir). É o carnaval do poder
em seu
pequeno esplendor (os vencedores vindimando
a colheita dos vencidos
comentando com desdém os pobres
trabalhos de Sísifo).
Espio a cena de longe. Não
bebo não jogo e esta noite (a
ter de desconversar)
prefiro falar de mulheres.
É muito menos obsceno.
João Luís Barreto Guimarães
você está aqui, Quetzal Editores, Janeiro de 2013
«Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.» Livro dos Conselhos, El-Rei D. Duarte
30.1.13
28.1.13
27.1.13
Desabafo da semana
Vão desculpar-me o vernáculo, mas "ir aos mercados" só me lembra a expressão "ir às putas". Não sei mesmo se não serão sinónimos.
Ana Cristina Leonardo
Ana Cristina Leonardo
19.1.13
O senhor Barthou
Com a devida vénia, uma ligação para o blogue do escritor J. Rentes de Carvalho:
TEMPO CONTADO: O senhor Barthou
TEMPO CONTADO: O senhor Barthou
11.1.13
Maria Alzira Seixo: «O Acordo Obscurantista»
Com a devida vénia, a ligação para o texto de Maria Alzira Seixo:
«O Acordo Obscurantista» [Maria Alzira Seixo, PÚBLICO, 10.01.2013]
«O Acordo Obscurantista» [Maria Alzira Seixo, PÚBLICO, 10.01.2013]
HOMEM DO LIXO
O último a chegar à festa tem
como castigo varrer o lixo,
o subproduto da embriaguez
organizada. Não é justo nem
injusto, é a lei dos retardatários.
A essa hora já os gastos foliões
mergulham no sono que se segue
a toda a felicidade, cientes
de que irão acordar ressacados
mas contentes por terem feito tudo
o que era humanamente possível
para se divertirem uma última vez.
Sozinho no recinto, o retardatário
dança com a sua vassoura,
recolhe sobriamente os detritos
da exaltação -- preservativos,
cartazes, garrafas vazias --
e consola-se com a mentira
de ter sido poupado à desilusão.
Findo o trabalho, tem ainda tempo
para se apiedar dos vindouros,
que da festa não terão sequer notícia,
que nunca poderão participar
sequer remotamente em algo
tão aparentado com a esperança.
José Miguel Silva
LADRADOR, Averno, 2012
como castigo varrer o lixo,
o subproduto da embriaguez
organizada. Não é justo nem
injusto, é a lei dos retardatários.
A essa hora já os gastos foliões
mergulham no sono que se segue
a toda a felicidade, cientes
de que irão acordar ressacados
mas contentes por terem feito tudo
o que era humanamente possível
para se divertirem uma última vez.
Sozinho no recinto, o retardatário
dança com a sua vassoura,
recolhe sobriamente os detritos
da exaltação -- preservativos,
cartazes, garrafas vazias --
e consola-se com a mentira
de ter sido poupado à desilusão.
Findo o trabalho, tem ainda tempo
para se apiedar dos vindouros,
que da festa não terão sequer notícia,
que nunca poderão participar
sequer remotamente em algo
tão aparentado com a esperança.
José Miguel Silva
LADRADOR, Averno, 2012
2.1.13
A Leitura
Não te deixes enrolar!
És tu quem tem de pagar...
Põe o dedo em cada letra;
pergunta: «Por que está 'qui?»
Alexandre O' Neill
ANOS 70 poemas dispersos, Assírio & Alvim, Lisboa, Outubro, 2005
És tu quem tem de pagar...
Põe o dedo em cada letra;
pergunta: «Por que está 'qui?»
Alexandre O' Neill
ANOS 70 poemas dispersos, Assírio & Alvim, Lisboa, Outubro, 2005
1.1.13
Subscrever:
Mensagens (Atom)