Onde ele dizia descoberta, ela ouvia jugo. Onde
ele dizia civilização, ela ouvia barbárie.
Pilhagem, extorsão, estupro,
escravatura.
Terra queimada, a princípio,
lavrada, depois, com os ossos dos mortos.
Elas, mais dóceis, vomitavam do ventre
a fé e o medo, misturados no sangue
dos filhos mestiços.
Eles, mais rudes, sabiam que contrapor a força à força
talvez permitisse uma imitação da revolta.
Mas as coisas nunca coincidem com as palavras,
e raramente a carne com o punhal.
Madalena de Castro Campos
O FARDO DO HOMEM BRANCO, Edição Companhia das Ilhas, Lajes do Pico, Março de 2013
Talvez seja "isto" a Civilização, com pudor admito que tem sido este o resultado do nosso "esforço civilizacional".
ResponderEliminarPenso que não terá valido a pena.
Adorei o texto.
Jaime A.
ResponderEliminarUm belo poema, sim, mas vale mesmo a pena ler o livro onde o colhi.