Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos. Nada.
Ricardo Reis
POEMAS DE FERNADO PESSOA, Selecção, prefácio e posfácio de Eduardo Lourenço, Edição Visão/JL, Fevereiro de 2006
Sem comentários:
Enviar um comentário