6.3.10

DE «A CORDIAL BOTELHA»

1

D. Florinda, rotunda,
de seio farto, infarte certo,
lugar-comum e tradição,
desoprime-se comigo
e ralha-me em tom amigo:

- Oh que carago!
Olha que o Porto é uma nação!

2

- Já agora logo de manhã...
Prontificam-se os algarvios
não-te-rales e papa-figos,
quando não querem (que tios!)
que lhes encanem a perninha à rã.

3

Prontifica-se
a fazer,
mas fica-se
no dizer.

Pronto! Fica-se...
Que se lhe
há-de
fazer?

4

Tome cuidado, senão
fazem-no Dr. do pé prà mão.
Mas se Dr. não diz que é,
fazem-no cão da mão prò pé.

Alexandre O'Neill

DE OMBRO NA OMBREIRA, Publicações Dom Quixote, Porto, Setembro de 1969

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