A astronomia do morto é um grito
sem resposta. Necessita de um computador
que lhe diga como descer da constelação:
alfabetos escadas da dor. Os olhos entendem sem ouvir
as suas equações do movimento: cinemáticas!
Quanto a mim bastava-lhe a tristeza: peso
cadente das estrelas e os hieroglifos eternos
das esquinas da história e da histeria.
Rancor enxertado por decretos e votos e hinos.
É terrível ser homem moribundo. A morte
levanta a sua constelação para que eu morra.
Nem há mesmo outra astronomia.
Alexandre Pinheiro Torres
A Flor Evaporada, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1984
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