9.4.11

revolta

respira, verbo infinito
anima a força dormida
que eu tenho retido um grito
e acesa uma ferida

que eu tenho um lápis de fogo
para gravar o preceito
respira, sintagma novo
abre as comportas ao peito

assume o signo humilhado
renuncia ao eufemismo
do dicionário castrado
do castrador catecismo

respira o feno e a seiva
o silvestre aroma de pinho
o quente bafo da leiva
o denso vapor do vinho

respira, luso idioma
esta lufada de vida
que todo o sono é sintoma
de lenta morte morrida

Cláudio Lima

ITINERÂNCIAS, Edição Opera Omnia, Guimarães, Outubro de 2010

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