12.8.20

Basta, bonda!

Não me vou achegar nem sequer dar-me 
com quem chega a tal ponto: basta, bonda!
Abundam por aí, querem guiar-te,
e levantam o facho e vão na onda
e desfilam nas praças e avenidas 
e deixam o eco nas pantalhas
(a saudação romana reaviva 
o sonho celerado de canalhas).
À turba que destila ódio e fel, 
movida pela cega obsessão
contra o outro, o diferente, o de fora,
acenam com o pão, 
o vinho e o mel
(ocultando a pesada mão de ferro 
onde quer que dominem, como outrora).

© Domingos da Mota